21.12.10

UMA GRANDE MESA E DEPOIS UMA GRANDE CAMA

Era assim que minha família se reunia nas grandes festas do ano, um bom almoço e depois uma grande cama na frente da teve. Não que era combinado, ou uma tradição intransigente, mas era uma necessidade depois de tanta comida, deitar. O sangue passava então a circular mais no estomago e no intestino do que no celebro e não havia quem não dormia. Lá em casa era assim, uma grande cama, pois meus pais, não sei se por economia ou por design tinha como sofás uma base retangular de madeira e travesseiros soltos também retangulares num tecido verde que facilmente eram desarrumados e arrumados no chão numa grande cama. Assim passávamos os domingos. Na mesa meu pai contava histórias demoradas suas do tempo de meninice, de rapazote, do tempo de namoro com mamãe ou do tempo de casado. Todas passando pelo fantástico, claro, mamãe sempre corrigindo. No final, papai que falava com os braços e mãos espaldadas, estava com o prato cheio, ainda por comer. Papai e mamãe tinham prazer em preparar uma boa mesa.

Alguns segredos, um cobertor de flanela sob a toalha, pratos de louça boa, talheres e copos bons e bem arrumados. Nada de etiqueta com requintes, mas alguns cuidados que mostram como a visita é bem quista. Entre os amigos e irmãos mantemos esta tradição, pelo menos o da mesa com longas conversas entre a sobremesa e o café. Nestas mesas cuidamos da amizade com muito prazer.

Meus amigos gostam mais de conversar do que de dormir, então eu de fininho por vezes fujo e procuro um canto para recostar e dormir. Minha mulher me condena, mas perdoa, o sono vem do estomago e de uma lembrança de um tempo que existia uma grande cama depois das refeições.

STOLEN - pão alemão


esta é uma receita que "lá em casa" (este é um termo que se refere ao lugar onde crescemos e fomos cuidados pelos nossos pais, que tras tantas histórias e várias receitas de comidas) se repetia todo início de dezembro. A casa ficava cheirando. É um pão escuro e duro, difícil de cortar, e na minha fantasia era um dos alimentos que ficavam ao lado do Faraos mumificados para se alimentar depois da morte pois iria restir aos tempos eternos, e realmente nunca vi um Stolen mofado ou velho. Apesar de duro e escuro era uma delicia encontrar as castanhas deste pão doce, assim como o cheiro ao partir o pão. Não sei se esta receita é a original, da minha mãe, me foi passada pela tia Mônica (na verdade madrinha) amiga de infância de minha mãe e que foi passada para ela pela sua mãe. Vou fazer e se não for igual a original comento aqui.

Ingredientes da massa:

1/2 xic. de açúcar - 1 pitada de sal - 1/4 xic. de manteiga - 2 ovos - 1/2 xic. água morna (ou leite) - 1 colh. de sopa de fermento biológico - 41/2 xic. de farinha de trigo (em média)

Recheio:

1 xic. de açúcar - 2 colhas. de casca de laranja ralada - 300 grs. de uva passa - frutas cristalizadas, nozes picadas e damasco picado a gosto

Cobertura: açúcar confeiteiro, 1 clara de ovo, uma pitada de manteiga e gotas de água quente para dar o ponto.

Modo de fazer: Ingredientes da massa em uma vasilha. Sová-la até desprender das mãos e transformar-se em uma massa macia e elástica(ir acrescentando farinha na medida do necessário a fim de trabalhá-la). Reservá-la e esperar dobrar de volume.

A seguir, abrir a massa com um rolo com cerca de 1cm de espessura e do tipo rocambole. Espalhar um pouco de manteiga derretida e cobrir com o recheio previamente misturado com um pouco de farinha de trigo para evitar que embole. Enrolar como para rocambole - uma receita rende dois rocamboles. Cerca de 50 minutos de forno médio. Cobre com o glacê e decora a gosto.